Bulgária, o país verde e esquecido – Parte 1

Sófia pode ser estranha.

Olá, seguidores do caminho torto e apaixonados pela escuridão. Enfrentamos mais um dia em nossa etapa sem muito sentido aqui nesta bolha azul que insistimos em deixar cinza. Já que propósito é algo tão abstrato quanto nossa própria existência, por que não gastar um pouco de nossas finitas respiradas com a leitura de um post desnecessariamente longo? 

Depois de passarmos pela já costumeiramente trabalhosa troca de país, nós nos vimos em uma praça ensolarada na cidade de Burgas, Bulgária. Bulgária? Bulgária. Sim, esse país renegado aos cantos mais escuros da nossa mente, daqueles que até o professor de geografia esquece que existe. A Bulgária não é inexplorada ou longe o suficiente para ser exótica, a Bulgária não foi palco de guerras tão sanguinárias como seus vizinhos (ainda bem), a Bulgária não é um iminente destino de verão Europeu (mesmo com as praias do mar negro), a Bulgária não é lembrada como um berço histórico do planeta (apesar de ter sido parte de grandes impérios antigos), a Bulgária não tem uma cultura tão diferente assim do ocidente (não estou dizendo que não seja uma cultura única)… Enfim, a Bulgária, por uma série de fatores, é sempre relegada ao elenco coadjuvante da novela territorial na mente dos viajantes, sejam eles de longo prazo ou não. É um país que lembramos que existe só quando ganha ouro no halterofilismo nas Olimpíadas ou quando abrimos um mapa da Europa e olhamos COM CUIDADO, principalmente quando estamos na Turquia ou na Grécia e precisamos nos mover por aí. Talvez os mais agraciados com memória lembrem de Bulgária durante uma partida de STOP, mas é isso, ninguém mais lembra da Bulgária, só os búlgaros. E não estou dizendo que o país é menos importante por isso, claro que não, estou apenas descrevendo como funciona a mente humana. Pode chamar isso de preconceito, falta de cultura, o que for, mas não venha me dizer você, leitor, que lembra constantemente da Bulgária e que o lugar é o número 1 na sua lista de países para conhecer. Esse blog não é local para mentirosos. 

Esse post não tem muita foto mesmo.

E quer saber? Melhor assim, eu invejo a Bulgária. É bom ser esquecido e deixado em paz pelo resto do mundo. 

Fomos parar nessa massa de terra destinada ao oblívio porque estávamos na Turquia e iríamos para a Grécia em alguns dias encontrar a mãe da Marina, por isso nada mais natural que parar um tempo em um país tão perto do nosso destino. 

Viemos de Istambul naquela maratona que já descrevi, mas um ponto positivo de vir de ônibus é poder curtir as mudanças de cenário. Incrível como cada metro mais perto da Bulgária significava mais verde no cenário praticamente marrom e amarelo daquela espécie de cerrado turco. A Bulgária é verde, é cheia de vegetação viva, exuberante, não de árvores retorcidas e arbustos. A Bulgária é terra de bosques de respeito. 

Chegamos e ficamos apenas algumas horas em Burgas esperando nosso ônibus até Sófia e confesso que gostei de cara da Bulgária. O povo, apesar de parecer fechado, foi simpático e prestativo, mesmo os que não falavam inglês. Escutar as pessoas falando “dã”e ver o alfabeto cirílico em todo canto cutucou com força o monstrinho dormente da nostalgia e lembrei com carinho do começo da nossa viagem, quase um ano atrás, na Rússia. Será que o ciclo estava se fechando? Enfim, Burgas tem uma rodoviária bem capenga e a cidade não parece ruim, mas também não tem nada demais. Os prédios que vimos eram antigos e lembravam bem um lugar que um dia já foi parte da União Soviética, mas segundo nosso motorista de táxi Burgas é o melhor lugar do país, então quem sou eu para discordar.

 

Catedral de Alexandre Nevsky

De lá fomos para a capital, Sófia, que vou ser sincero, não conhecemos tão bem assim. Parece ser uma cidade muito gostosa e boa para relaxar, pois tem cultura, belas construções, parques ocupados da maneira certa (isso é, de pessoas curtindo eles) e ainda assim é acessível e pequena o suficiente para não abrigar grandes multidões e ser abastecida por apenas duas linhas de metrô. Sófia me pareceu uma versão menor e mais calma de cidades como Praga e Budapeste, mas não posso afirmar isso com certeza porque nunca visitei essas outras, por isso cabe a você decidir se vai acreditar nessa minha comparação manca ou não. Tudo isso que descrevi anteriormente vi em apenas dois grandes passeios que demos por lá, porque ficamos a maior parte da nossa estadia de seis dias na cidade enfurnados em um Airbnb que era um portal para uma dimensão de preguiça e conforto. Sério, o apartamento era demais e nossa rotina lá foi bem gostosa, mais ou menos um remember do que fizemos na Austrália. Cozinhamos, nos exercitamos (de leve, ninguém é de ferro) e colocamos a vida em ordem. Até um jogo no videogame eu fechei. Quando não envolve vender a alma em jornadas excruciantes por uns trocados para pagar boletos até que essa tal de rotina não é tão ruim. Sim, vocês sabem e eu já falei aqui antes, é bom voltar a ter alguns padrões na vida, ninguém aguenta ser viajante desenfreado 100% do tempo, nem o Indiana Jones, que vira e mexe voltava para seu emprego de professor. 

Depois do nosso tempo de esbórnia ociosa alugamos um carro para desbravar o país, o que não é difícil porque ele não é muito grande. 

Mas para esse post não ficar excruciante dividi o texto em duas pequenas partes.

Beijos Quentes

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