A volta dos que não foram

Algumas coisas acabam com um grande estouro, outras falecem devagar e de forma deprimente. Esse blog acabará apenas com um punhado de bobagens escritas em uma época um pouco mais raivosa da minha vida. Foi logo que voltamos para o Brasil e eu me deparei com o fim da viagem e o limbo que me esperava. Confusão é eufemismo para definir. 

É impactante essa história de peregrinar por aí. Peregrinamos sim, sem direcionar a devoção a algum credo ou religião, mas sim a vida. Foi uma lufada de oxigênio em nossas existências que já estavam se asfixiando. 

Foi bom, mas foi complicado voltar (para mim). 

Enfim, leia para entender. Apesar de já haver tempo que o texto original foi escrito, algumas sensações persistem. Outras não. A partir do parágrafo abaixo é o texto quase original já em terras brasileiras.

Escrevo mais uma vez acompanhado do bolor agourento que habita o fundo do poço escuro que existe dentro de todos nós. Sim, esse é um capítulo especialmente soturno, até para meus padrões, pois é a última atualização deste blog. Ele vai acabar, como tudo na vida. É melhor que as coisas cheguem logo ao fim, o encontro com o verme primordial é o maior evento na existência de qualquer ser (?) e eu já estava prolongando esse sofrimento além da conta. O blog respirava por aparelhos e eu estou agora puxando todos os fios possíveis da tomada. 

Na última e longínqua atualização eu descrevi a última parte de nossa viagem grega, com a visita ilustre de Vera Miguel na terra do Minotauro. 

Saímos do ensolarado mediterrâneo para a sempre misteriosa e enevoada Londres. O plano era visitar alguns amigos queridos antes de voltarmos para o Brasil. Sim, isso mesmo, já tínhamos traçado o plano de pisar em solo tupiniquim desde nossa viagem de carro pela Turquia. A Marina foi acometida pelo mal da saudade e do desejo de começar uma vida nova, eu, sempre teimoso, insisti em continuar a jornada de aventuras e brigas pelo mundo. No fim chegamos a um acordo no meio do caminho: em Agosto iríamos para o Brasil por um mês e depois partiríamos para a África, para a pernada final da viagem. A Europa foi riscada dos projetos, afinal ninguém estava a fim de vender o corpo para continuar a aventura. 

Resumindo, a ideia era passar uma semana em Londres, visitar amigos, beber, partir para o Brasil e depois partir para a África, arranjar mais brigas (possivelmente com um leão), fazer amizades, beber, descobrir uma cidade perdida e depois, quem sabe, voltar para o Brasil como os maiores aventureiros vivos. 

Não deu nada certo. 

Mentira. O plano deu parcialmente certo.

De fato fomos para Londres, ficamos abrigados na casa de amigos, descansamos, bebemos, comemos e nos divertimos demais. Se tem uma coisa que essa viagem me ensinou foi a valorizar os encontros com pessoas queridas e fico feliz de ter visto um pessoal que é raro pelas bandas das Américas. Inclusive fica aqui o meu agradecimento pelo melhor acolhimento possível. Não vou entrar em detalhes sobre as peripécias inglesas porque elas envolvem risadas inebriadas e piadas internas, ou seja, você teria que estar lá para apreciar. A cidade é incrível, mas melhor do que eu descrever para vocês é assistir Velozes e Furiosos 6 (um dos melhores da franquia), que apresenta Londres de forma estupenda. Não mostra os grandes museus, as charmosas feiras de rua ou os milhares de programas interessantes que existem nessa metrópole cosmopolita, mas mostra uns baita carrões acelerando perto daquela roda-gigante pega turista trouxa. Assista. 

E eis que após a curtição chegou a hora de voltar. Claro que antes de pisar no Brasil não poderíamos deixar de nos enfiarmos em mais um “perrengue transportacional”. Acompanhe só o rôle. Saímos de Londres dia 31 de Julho às 16 horas. Pegamos um ônibus até Genebra e por isso atravessamos a França inteira durante a madrugada. Chegamos à Suíça lá pelas 11 horas da manhã. Esperamos um pouco e aí às 15 horas do dia 1 de Agosto pegamos um avião, sabe para onde? Isso mesmo. Londres. Voltamos para onde estávamos, esperamos mais umas boas horas e aí sim, lá pelas 22 horas, embarcamos pro Brasil. Oras, para que fazer tudo isso? Porque o voo saía bem mais em conta dessa forma, não me pergunte a razão. Nós só seguimos o fluxo maluco do capitalismo aéreo. 

E foi assim que no dia 2 de Agosto pisamos no Brasil de novo. Mas por pouco tempo, certo?

Não. Foi nesse ponto que nosso plano ruiu. A nossa ponte brasileira foi engolida por um tsunami de sensações e sentimentos e, para resumir uma fase bem atribulada dessa jornada, acabamos ficando por aqui. A África tornou-se um sonho febril para dias futuros que talvez nunca cheguem, mais um objetivo que morreu e virou estrelinha na constelação das ideias que não aconteceram. Quem quiser entender melhor os motivos dessa mudança toda pode acompanhar o Instagram da Má (@sejogaai), não vou entrar nesses detalhes aqui, senão o texto ficará maior do que a paciência de vocês.

Tentamos também fazer uma jornada pelo Brasil (para compensar a África), que foi um fracasso parcial. Viajamos por mais ou menos duas semanas, passamos por lugares incríveis, mas não atingimos nenhum dos nossos grandes objetivos e então tivemos que voltar. Se pensarmos bem tudo na vida é um fracasso parcial, esse foi só mais um.

Posso falar, no entanto, sobre como é voltar. Vou resumir, porque eu tinha escrito um desabafo de mais de 2 mil palavras, mas já é 2021 e sei que todo mundo tá bem cansado.

A volta é foda.

Não no começo, nem no final, nem no meio. É foda de um jeito diferente. É bom. Mas é foda.

É uma onda de alegria. Tem a surpresa e o sorriso das pessoas que te amam e a certeza de que alguém ainda gosta de você (será?). Mas aos poucos, como um ser rastejante no escuro, a dúvida vem. E a dúvida, nesse caso, é uma grande enfermidade. É a doença de chagas da alma. 

Foi o sentimento mais agridoce que já senti. Nunca me senti tão em casa e tão deslocado ao mesmo tempo.

A dúvida coloca em cheque a volta. Não o ato de pisar de novo no país e na cidade natal, mas a volta verdadeira, a volta que começa quando você sente o calor claustrofóbico do abraço da rotina e das pulgas infernais que pulam em você a partir desse contato desconfortável. A falta de dinheiro, a pressão para um emprego decente, o caminho esperado. Afinal você já desperdiçou um tempo da sua vida né? Melhor colocar tudo nos trilhos agora. Mas também tempo é o que não falta, o que são alguns meses de rebeldia calculada frente às décadas regradas. Nada. Assim como foi também o ato de escapar. Será que não foi nada? Será que no fundo os revoltados de boutique foram recolocados na colossal esteira da inexorável produção em massa que rege nossas vidas com a mesma facilidade que um homem faminto abre a geladeira na madrugada? Sim e não. Lembro que pensei nisso quando, em uma festa, disse para um amigo que também gostaria de viajar que “um ou dois anos não são nada perto de uma carreira longa”. Na hora eu falei como algo positivo e encorajador, mas depois a ferida da dúvida começou a infeccionar. Será que existia algum valor no que tínhamos feito se depois de tudo poderíamos ser engolidos de novo pelos mesmos monstros que lutamos para escapar?

Enfim, é mais ou menos assim que a dúvida começa a atacar. Fazendo você questionar o valor das suas experiências, fazendo você se comparar com outros e fazendo você se sentir inseguro sobre qualquer decisão, seja ela referente a sair por aí ou não. 

Mas no fundo é claro que o que foi feito tem seu valor. Trouxemos conosco uma série de aprendizados e experiências que nem a rotina mais insossa pode apagar (espero muito). A vida não se mede só por quem se acha mais rebelde ou desalinhado, afinal o que é se desalinhar dos caminhos esperados? No fundo somos todos escravos de alguma coisa, não importa o quão desconectado e desapegado você seja. A gente gosta é de se enganar. 

Então acho sim que tudo o que fizemos teve algum (muito) valor e o negócio depois é tentar moldar o mínimo a rotina para um caminho que interesse mais e esteja mais alinhado com os aprendizados da jornada. Mas é custoso entender esse sentimento. Isso é. Eu passei essas últimas linhas todas tentando me convencer disso.

O objetivo é ficar em paz. Ou ser sempre incomodado. O meio termo não dá. Dá sim para entender que a felicidade (se existe), essa, não tem mesmo um percurso claro. Não precisamos fazer isso ou aquilo ou aquilo lá. Não digo para ninguém se conformar com uma vida merda ou nada dessas baboseiras (ser conformado é uma bosta), mas só para ter certeza que suas decisões refletem o que você quer. Só faça algo. De uma forma ou de outra todo mundo é otário. Melhor ser um otário (parcialmente) feliz.

Confuso né? Oras, essa volta é confusa.

E olha que eu abordei só uma das grandes aflições que o fim da jornada proporciona. Ninguém merece escutar (ler) mais sobre isso.

Feliz 2021

Beijos Quentes

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Grécia ou Desbravando a terra do minotauro

Uma cena típica de Creta

Olá, 

Eis aqui mais um enxame de bobagens para vocês gastarem o finito tempo de suas vidas. Nada de abraçar os filhos, beijar a pessoa amada e estar com os entes queridos, o negócio mesmo é deixar os minutos deslizarem por baixo do alçapão celeste lendo as desventuras de um estranho em terras mais estranhas ainda. Mas isso ainda é melhor do que ficar vendo os instastories da sua prima na academia, então vamos lá.

Depois de visitar a cidade que já foi um farol de conhecimento para o mundo ocidental (e hoje é no máximo um farolete), nos dirigimos para o que realmente interessa na Grécia: praia, sol, bebida e sossego. 

Fizemos a famosa dança das cadeiras de quem viaja e nos apertamos em alguns transportes durante horários nada confortáveis até chegarmos em Creta, a maior das ilhas gregas. E também um dos lugares com mais história desse cantinho abençoado por contos e causos no mediterrâneo. Os minoicos são uma civilização tão antiga quanto os mais anciões assentamentos gregos, inclusive já dominaram Atenas e boa parte da região, no fim acabaram como poeira intergalática por uma série de fatores, mas a turma lá da ilha já foi bambambã. É justamente dessa época que surgiu um dos mitos gregos mais famosos, o do Minotauro, a besta comedora de pessoas que nasceu (em algumas versões do causo) do desejo lascivo de uma rainha (causado por um Poseidon sacana) e o poder sexual de um belo touro. Uma história de amor como outra qualquer lá pelas bandas do interior profundo, nem sei porque os gregos fizeram tanto barulho por causa disso. Enfim, é um mito interessantíssimo, com personagens interessantíssimos, como Ariadne e o metido a herói do Teseu, mas isso aqui não é aula de mitologia, por isso não vou comentar mais sobre. Basta dizer que ninguém nunca pensou em desafiar o Minotauro para uma partida de sinuca (ou até mesmo truco), o verdadeiro jeito civilizado de resolver problemas. Parece que os gregos não eram tão avançados assim. 

Em Creta conquistamos os labirintos de areia e sal e assassinamos as bestas em nossos caminhos (apenas as metafóricas). Foram, de novo, tempos gostosos demais. 

Um gostinho de Creta – do alto de um antigo forte veneziano

Mas calma lá, vou detalhar um pouco mais essas aventuras. Para começar, Creta é, como já disse, uma ilha grande. Bem grande. Por isso alugamos um carro para nos locomover. Logo no aeroporto já achamos o encarregado da empresa de aluguel que me levou para o pátio, um lugar que mais lembrava um ferro-velho. Eu tinha escolhido a opção mais barata de aluguel e ao ver os carros oferecidos pela nossa empresa esparramadas pelo pátio comecei a ficar um pouco receoso pelo o que poderia vir pela frente, mas eu ainda tinha uma centelha de esperança que o Universo nos presentearia com uma carruagem digna de Apolo. 

Nunca conte com o Universo. 

Conseguimos pegar um carro pior que a pior opção da empresa, uma lata-velha do tempo do rei Leônidas. Sério, eu não sei nem como eles ofereceram aquele carro para um cliente. Com certeza se meu tio Teixeira visse o veículo ele mandaria a infame piadinha “tem que tomar vacina anti-tétano pra entrar nisso”. Eu sei porque eu mandei essa piadinha. Enfim, tenha em mente que era um carro ruim, ele não andava, mas se arrastava pela estrada gritando súplicas mecânicas para qualquer que seja o deus do Olimpo que cuide das máquinas. Ele só pedia por um fim rápido para sua dolorosa vida baseada em combustível fóssil. Durante toda viagem quase sempre tivemos sorte com coisas alugadas, ganhamos alguns upgrades milagrosos vindo do nada, mas dessa vez o destino quis brincar com a gente. Mal sabia essa força misteriosa que eu domaria a tristeza metálica e ganharia uma estranha afeição pelo nosso bólido. 

Balos é uma prainha bacana

Creta é um lugar maravilhoso. Cheio de história e praias lindas. E também cheia de espaço. Existem concentrações de turistas, é claro, mas tem tanta praia e vilazinha pela ilha que dá para ir parando em lugares incríveis e quase vazios. Creta tem vida. Moradores locais vivem de forma simples em suas casas mediterrâneas sempre integradas no horizonte azul e laranja. Me pareceu um lugar mais autêntico e variado do que Santorini, a outra ilha que visitamos. Creta tem praias lindas, cidades charmosas, vilas de pescadores, montanhas, trilhas, cavernas e o escambau. Não é à toa que Zeus foi criado lá. 

A paisagem é bem parecida ao longo da ilha toda. Cadeias de montanhas dominam a parte central do terreno e dividem o horizonte com o mar azul daquele marinho grego “tradicional”. O lugar é seco, árido, alaranjado e pedregoso, lembra muito do que já tínhamos visto na costa da Turquia. Alguns pinheiros ali, outras oliveiras acolá e uns arbustos no chão formam a maior parte da vegetação que vi. Mesmo assim, tudo se mescla em um balé visual de tirar o fôlego, principalmente nas praias, onde a paleta de cores ganha a força do turquesa das águas mais rasas. Dá para ver que eu gostei de Creta e achei o lugar lindo. 

Dividimos nossa estadia na ilha em duas partes, uma mais perto de Chania e outra mais perto de Heraklion, ambas em casinhas alugadas extremamente confortáveis. Cozinhar, ir ao mercado, ter vizinhos e um espaço nosso deu mais vontade ainda de viver a vida grega. Depois de tanta cama dura e banheiros desgrenhados finalmente estávamos em um combo de boas acomodações (e muitos gastos).

Uma prainha perdida (ou achada por turistas)

Com nosso fiel carrinho da tristeza desbravamos locais lindos como Elafonissi, Falassarna e Seitan Limania. Ainda fizemos a versão europeia de um tour da CVC para as incríveis Grambússa e Balos, talvez os locais mais lindos de toda a Grécia. E isso foi só ali ao lado de Chania, porque quando nos mudamos para Heraklion resolvemos nos aquietar em uma prainha desconhecida bem perto da nossa casa. O lugar também era bonito. O mar grego tem mesmo um charme e um poder único, passa a mesma sensação que senti na Turquia, aquele cenário que parece que não combina com praia, mas tem praia ali. E não é feia não. Longe disso. É bonita pra caramba. Montanhas, morros, pinheiros e aridez ao redor. Uma paisagem imponente. Eu praticamente conseguia sentir Zeus me olhando do alto do monte Ida e aprovando minha sunga. Valeu, Zeus. 

Mas não foram apenas dias de calmaria, alto nível estético e felicidade. Eu quase morri. Isso mesmo, eu quase morri certa noite em Chania. Vai parecer brincadeira, mas na hora eu senti a vida escapando de mim. Vou explicar melhor. Fomos jantar na parte velha da cidade, um lugar bem charmoso, cheio de turistas e restaurantes bons. Acontece que eu não comia nada mais que uma maçã há 3 dias, pois estava mais uma vez com o intestino inquieto. Esse jantar foi a reinauguração da avenida “intestino grosso”, mas a obra de recapeamento não foi bem feita e o caminhão de comida que tentou passar acabou atolado. Comi e bebi igual um boi (ou um minotauro) e depois gemi igual um porco. O exagero foi meu pecado e no fim da noite minha barriga ficou dura, petrificada, e eu tinha certeza que iria literalmente explodir. O primeiro brasileiro a morrer no exterior por comer demais. A vergonha de Itu e de minha família. Eu nem conseguia dirigir de tão debilitado que estava. E a Marina o que fez? Só ria. Ria com o riso fácil dos saudáveis, dos que gozam da vida e não sabem o que é sofrer. Ria o riso da criança inocente enquanto seu marido estrebuchava  por ter o olho maior que a barriga. 

As bonitas rindo durante a noite que eu quase morri em Chania

Mas deu tudo certo e eu superei mais um obstáculo em minha jornada. Estou fazendo piada aqui, mas é estranho pensar que depois de tudo que vimos e aprendemos na viagem eu tenha passado mal de tanto comer em um ilha grega. Alguns diriam que é um fim indigno para um mochilão raiz, eu diria que bem de vez em quando é bom se perder em excessos. O meu foi um excesso patético, só isso. 

Depois de Creta fomos de balsa para Santorini, uma das ilhas mais badaladas do contingente grego. Creta estava longe de ser um paraíso perdido sem turistas, mas o que vimos em Santorini foi um outro nível de turismo. Parecia uma colônia de férias para gringos e não a casa de gregos. Era mais fácil encontrar alguém falando português do que grego. Mais ou menos o que aconteceu em alguns lugares da Tailândia, mas com um nível de peruagem muito superior. Foi um lugar caro, cheio, quente e bonito. Sim, não dá para negar, as vilazinhas tradicionais gregas, aquelas bem brancas e azuis, são lindas. As praias de lá parecem legais, mas nada perto do que já tínhamos visto. Fomos ali principalmente ajudar a Vera a realizar o sonho de estar naquele cenário de filme, e só por isso já valeu a pena. Longe de mim falar que foi ruim, mas eu não volto lá não. Até porque para voltar eu preciso vender um braço meu e a Marina inteira no mercado negro. E olha que a Marina vai dar problema e vão querer devolver, então não vai dar certo mesmo. 

Cada um curte Santorini como lhe convém

E essa foi nossa estadia na Grécia, um lugar de dias tranquilos e gostosos, com um ritmo muito diferente do que vínhamos fazendo porque recebemos uma pessoa querida. Olha, receber a sogra para uma viagem foi muito melhor do que eu esperava, foi bom demais.

Com a partida da Vera para o Brasil era nossa hora de continuar a viagem. Depois de visitar amigos na Europa, iríamos dar um pulinho em casa por um tempo. Isso mesmo, voltaríamos para o Brasil. Mas isso eu explico melhor depois.

Beijos Quentes.

Bulgária, o país verde e esquecido – Parte 2

Um rôle pelos lagos glaciais de Rila

Bulgária, o país verde e esquecido – Parte 2

Olá patronos do nonsense e da vergonha alheia. Esse é mais um capítulo das aventuras pela Bulgária, a parte 2 do post anterior.

Só para relembrar – tínhamos alugado um carro e estávamos prestes a explorar cada canto do país. Ou melhor, cada canto que nosso prazo de 4 dias restantes lá permitisse. 

O primeiro objetivo era ir até umas cachoeiras e cavernas na região norte, em Lovech. Mas conseguimos errar o caminho mesmo usando mapas e GPS e fomos parar em um hotelzinho perto de Troyan, a mais de 30 quilômetros de distância do nosso destino – não tenho ideia de como isso aconteceu, mas mais uma vez acho um milagre não termos perdido ao menos um membro nessa viagem. Enfim, como na maioria das vezes, foi bom se perder, pois demos um passeio muito interessante – desbravamos diversos vilarejos com nosso carrinho, todos com um visual que eu classificaria como  “leste europeu de filme”. Casinhas velhas e rústicas, ruínas de grandes empreendimentos industriais esquecidos e a natureza tomando conta de tudo, o verde dominando o lugar e as pessoas. Se você der um Google em “interior leste europeu” vão aparecer fotos dos lugares por onde passamos. Ainda bem que os dias estavam lindos e o sol ardendo no céu, senão o cenário poderia ser bem deprimente, daqueles que fazem parte de películas B de terror em que viajantes vão parar em uma cidadezinha esquecida em que uma babushka qualquer coloca uma maldição neles e os locais andam com foices prontas para decapitar cabeças.

Uma vilazinha no meio do nada

O melhor de tudo foi que acabamos em um hotelzinho muito simpático e com uma dona mais simpática ainda, a Greta, e olha que ela nem tentou decapitar a gente. Inglês era a mesma coisa que nada para ela, mas nos entendemos por gestos e pelo intermédio providencial de um búlgaro-americano que estava de férias lá. A região era linda e acabamos fazendo uma trilha seguindo o cume de montanhas que começam a cordilheira dos balcãs. Um lugar bonito, verde e calmo. Fazer essa trilha foi quase um experimento zen – não era complicada, o caminho estava tomado por pequenas flores e o cenário de montanhas e pradarias acalmava mais que aquela dose de Maracugina com uma pitada de vodka pela manhã. Como é bom interagir e estar na natureza, ainda mais com vistas tão relaxantes quanto o mar de colinas verdes que víamos pelo caminho. No fim foi bom termos errado o nosso destino, conhecemos uma bela trilha, fomos até um esquisito, porém imponente, monumento no topo de uma montanha e visitamos uma vilazinha bem charmosa para jantar. 

Nosso rôle pelas encostas de morros verdes e floridos

Depois de dois dias no “lugar errado, mas certo” nos dirigimos ao sul de Sófia, para a famosa Rila. Na verdade, não fomos para a cidade de Rila, mas sim para Sapareva Banya, uma cidade (ou vila) que fica bem perto de uma das entradas do Rila National Park, onde fizemos o popular hike dos 7 lagos de Rila. Eu escrevi muito Rila nesse último parágrafo, desculpe.

No começo da trilha de Rila

Esse foi um trekking bem especial, algo memorável para fechar nossa estadia agradável mas não tão emblemática assim na Bulgária. Foram umas 5 ou 6 horas andando (não sei quantos kms percorremos. Eu sabia, mas esqueci. Desculpe, sou humano) no topo de montanhas que também fazem parte dos Balcãs. Para chegar lá em cima é necessário montar em um elevador daqueles de estação de esqui, em que você vai ao ar livre e com as perninhas balançando, tão confiável quanto meu tio Alcides com uma garrafa de Pitu na mão. Depois disso existem vários percursos a serem feitos, mas todos passam pelos tais 7 lagos que são formações glaciais ali na beirada do céu. O visual do lugar todo é de fazer o coração bater mais rápido, feroz e calmo ao mesmo tempo. Acho incrível como montanhas que parecem tão estéreis e solitárias vistas lá de baixo possuem tanta vida e complexidade nas suas encostas. Um mundo de verde, de animais e até corpos d’água. Um ecossistema único em um lugar quase isolado. Uma visão que vale a pena. Bom, para mim qualquer programa que envolva andar no meio do mato vale a pena, ainda mais quando é necessário algum tipo de esforço para ter as visões mais gratificantes. Muito melhor dar tudo de si em um exercício sabendo que no fim vamos ser presenteados com uma pintura da natureza ao invés do rosto sorridente de algum personal trainer mais simpático do que deveria te falando que você “mandou bem”. 

Pelos caminhos de Rola

Nossa aventura ali pelos lados de Rila foi praticamente isso. Quer dizer, descobrimos que Sapareva Banya tinha uma bela de uma pizzaria e lá, andando pelas ruas, nos deparamos com um costume peculiar dos locais: todos colocam, em frente às casas, pôsteres de familiares que morreram. Com foto e tudo. Alguns já tinham batido as botas há anos e o pôster continuava lá pregado na rua para todo mundo ver. E as fotos dos falecidos não eram das melhores, eu se fosse da cidade já faria, antes de partir, uma curadoria bacana das minhas top 5 fotos para serem inseridas nesse mórbido monumento, não gostaria de passar vergonha depois do rigor mortis. Minha preferência seria uma foto de sunga ou regata, ou quem sabe usando os dois ao mesmo tempo. Talvez eu deva dar umas ideias para esses tais búlgaros.

Um pouco mais alto – ainda em Rila

Para ser sincero eu acho que as fotos e cartazes eram dos mortos das famílias, mas não tenho certeza, pois não pesquisei direito o assunto, por isso gostaria muito que o leitor mais ávido pela verdade fizesse a devida investigação e compartilhasse com o mundo. De qualquer jeito era um negócio estranho. 

Lugarzinho estranho

Depois disso restou voltar para a capital, errar o caminho na hora de devolver o carro (porque a Marina deixou um McDonalds como destino no GPS), ir para a rodoviária (mais uma) e pegar mais um ônibus, dessa vez para a Grécia. Foram dez dias na Bulgária, um lugar gostoso, que pode ser explorado melhor e me parece ter mais para oferecer, o único problema é lembrar que ele existe. 

Após essa pausa idílica e preguiçosa, era hora de retomar um ritmo mais intenso na viagem, principalmente porque a sogrinha estava chegando para nos visitar. Esse é o assunto dos próximos posts.

Beijos Quentes

Bulgária, o país verde e esquecido – Parte 1

Sófia pode ser estranha.

Olá, seguidores do caminho torto e apaixonados pela escuridão. Enfrentamos mais um dia em nossa etapa sem muito sentido aqui nesta bolha azul que insistimos em deixar cinza. Já que propósito é algo tão abstrato quanto nossa própria existência, por que não gastar um pouco de nossas finitas respiradas com a leitura de um post desnecessariamente longo? 

Depois de passarmos pela já costumeiramente trabalhosa troca de país, nós nos vimos em uma praça ensolarada na cidade de Burgas, Bulgária. Bulgária? Bulgária. Sim, esse país renegado aos cantos mais escuros da nossa mente, daqueles que até o professor de geografia esquece que existe. A Bulgária não é inexplorada ou longe o suficiente para ser exótica, a Bulgária não foi palco de guerras tão sanguinárias como seus vizinhos (ainda bem), a Bulgária não é um iminente destino de verão Europeu (mesmo com as praias do mar negro), a Bulgária não é lembrada como um berço histórico do planeta (apesar de ter sido parte de grandes impérios antigos), a Bulgária não tem uma cultura tão diferente assim do ocidente (não estou dizendo que não seja uma cultura única)… Enfim, a Bulgária, por uma série de fatores, é sempre relegada ao elenco coadjuvante da novela territorial na mente dos viajantes, sejam eles de longo prazo ou não. É um país que lembramos que existe só quando ganha ouro no halterofilismo nas Olimpíadas ou quando abrimos um mapa da Europa e olhamos COM CUIDADO, principalmente quando estamos na Turquia ou na Grécia e precisamos nos mover por aí. Talvez os mais agraciados com memória lembrem de Bulgária durante uma partida de STOP, mas é isso, ninguém mais lembra da Bulgária, só os búlgaros. E não estou dizendo que o país é menos importante por isso, claro que não, estou apenas descrevendo como funciona a mente humana. Pode chamar isso de preconceito, falta de cultura, o que for, mas não venha me dizer você, leitor, que lembra constantemente da Bulgária e que o lugar é o número 1 na sua lista de países para conhecer. Esse blog não é local para mentirosos. 

Esse post não tem muita foto mesmo.

E quer saber? Melhor assim, eu invejo a Bulgária. É bom ser esquecido e deixado em paz pelo resto do mundo. 

Fomos parar nessa massa de terra destinada ao oblívio porque estávamos na Turquia e iríamos para a Grécia em alguns dias encontrar a mãe da Marina, por isso nada mais natural que parar um tempo em um país tão perto do nosso destino. 

Viemos de Istambul naquela maratona que já descrevi, mas um ponto positivo de vir de ônibus é poder curtir as mudanças de cenário. Incrível como cada metro mais perto da Bulgária significava mais verde no cenário praticamente marrom e amarelo daquela espécie de cerrado turco. A Bulgária é verde, é cheia de vegetação viva, exuberante, não de árvores retorcidas e arbustos. A Bulgária é terra de bosques de respeito. 

Chegamos e ficamos apenas algumas horas em Burgas esperando nosso ônibus até Sófia e confesso que gostei de cara da Bulgária. O povo, apesar de parecer fechado, foi simpático e prestativo, mesmo os que não falavam inglês. Escutar as pessoas falando “dã”e ver o alfabeto cirílico em todo canto cutucou com força o monstrinho dormente da nostalgia e lembrei com carinho do começo da nossa viagem, quase um ano atrás, na Rússia. Será que o ciclo estava se fechando? Enfim, Burgas tem uma rodoviária bem capenga e a cidade não parece ruim, mas também não tem nada demais. Os prédios que vimos eram antigos e lembravam bem um lugar que um dia já foi parte da União Soviética, mas segundo nosso motorista de táxi Burgas é o melhor lugar do país, então quem sou eu para discordar.

 

Catedral de Alexandre Nevsky

De lá fomos para a capital, Sófia, que vou ser sincero, não conhecemos tão bem assim. Parece ser uma cidade muito gostosa e boa para relaxar, pois tem cultura, belas construções, parques ocupados da maneira certa (isso é, de pessoas curtindo eles) e ainda assim é acessível e pequena o suficiente para não abrigar grandes multidões e ser abastecida por apenas duas linhas de metrô. Sófia me pareceu uma versão menor e mais calma de cidades como Praga e Budapeste, mas não posso afirmar isso com certeza porque nunca visitei essas outras, por isso cabe a você decidir se vai acreditar nessa minha comparação manca ou não. Tudo isso que descrevi anteriormente vi em apenas dois grandes passeios que demos por lá, porque ficamos a maior parte da nossa estadia de seis dias na cidade enfurnados em um Airbnb que era um portal para uma dimensão de preguiça e conforto. Sério, o apartamento era demais e nossa rotina lá foi bem gostosa, mais ou menos um remember do que fizemos na Austrália. Cozinhamos, nos exercitamos (de leve, ninguém é de ferro) e colocamos a vida em ordem. Até um jogo no videogame eu fechei. Quando não envolve vender a alma em jornadas excruciantes por uns trocados para pagar boletos até que essa tal de rotina não é tão ruim. Sim, vocês sabem e eu já falei aqui antes, é bom voltar a ter alguns padrões na vida, ninguém aguenta ser viajante desenfreado 100% do tempo, nem o Indiana Jones, que vira e mexe voltava para seu emprego de professor. 

Depois do nosso tempo de esbórnia ociosa alugamos um carro para desbravar o país, o que não é difícil porque ele não é muito grande. 

Mas para esse post não ficar excruciante dividi o texto em duas pequenas partes.

Beijos Quentes

Turquia ou A volta dos balões elusivos

ahhhhh Capadócia…

Olá, voyeurs da desgraça, glutões da vergonha alheia e acumuladores de experiências terceirizadas. Para os bravos que ainda leem isso aqui venho com mais uma dose de trevas importadas. Preparam-se, minha alma está sombria, afinal este é mais um capítulo em que falo sobre os malditos deslocamentos de viagem. 

Quem acompanha o blog há certo tempo já sabe que esses momentos de transferência de localidade são sempre estressantes. Sim, nós estávamos de carro na Turquia e dirigir por estradas estrangeiras é quase sempre um prazer, mas depois de visitar as praias do sudoeste do país precisávamos voltar (de carro) até a Capadócia, pegar um ônibus para Istambul e depois pegar mais outros dois ônibus para a Bulgária. E a Turquia não é um país pequeno, então imagina a trabalheira que foi fazer isso tudo. Olha, quem disse que o importante é a jornada e não o destino com certeza não ficou mais de 20 horas torto em um banco de transporte coletivo com a coluna gritando socorro e o nariz captando os mais desagradáveis cheiros. O negócio é não ter destino, pois aí tudo é jornada e tudo destino e as experiências boas e ruins se misturam em um grande caldeirão borbulhante que não dá a mínima para seus anseios por conforto, ou seja, eu fui usar uma metáfora e não sei mais do que estou falando. 

O importante é saber que estávamos em Ölüdeniz, a uns bons 800 km de Kayseri, e precisávamos retornar com nosso possante brocha até a região lunar da Capadócia. 

Estradas por colinas turcas

Voltamos por uma rota diferente da vinda e dessa vez fomos beirando o mar por boa parte do caminho. Passamos por cânions, vales e vilas praianas lindas, tudo no meio daquele cerrado mediterrâneo que é ao mesmo tempo familiar e estranho. Em dado momento viramos para o norte, em direção ao miolo do país, e foi aí que o caminho ficou realmente interessante. Cortamos uma bela cadeia de montanhas, um amontoado de rochas poderosas que ainda não tínhamos visto na Turquia. O sol queimava com gosto no céu, mas sem força, pois o ar estava quase gelado. Certa hora as nuvens tomaram conta do firmamento e a luz deu aquela impressão de se espalhar por aí filtrada por uma lente, o que deixou o percurso todo ainda mais único. De repente começamos a ver vários vendedores de mel na estrada, como se estivessem brotando do chão. Resolvemos parar em uma das mil barraquinhas que dizia ter o melhor mel da região, todas sinceras e todas mentirosas, para tomar um chá. Alguns minutos e uns dois chás depois tínhamos um novo amigo, que provavelmente era gentil por exercício da profissão e tudo bem, pois nós estávamos, mesmo que inconscientemente, cumprindo nossa cota de contato local (coisa que tanto nos cobramos). No fim foi uma transação comercial nos mais diversos sentidos. Engraçado isso de “contato local”. É possivelmente uma das coisas mais valiosas que a viagem pode trazer, mas em certos momentos, principalmente quando você não quer falar nem com a sua mãe com um bolo de cenoura na mão, é também um dos maiores pesos para se carregar, porque você fica se cobrando o tempo inteiro se não está inserido na cultura do país, se não está fazendo amigos, se não conheceu pessoas com histórias incríveis e etc… E tem horas meus amigos, tem horas que tudo que o “coitado” do viajante quer é pagar barato numa cerveja e contemplar a paisagem sem qualquer atividade que envolva comunicação profunda com outros seres. 

Nosso amigo turco que tinha um bom çay

Depois de terminado nosso rabisco pelas colinas turcas finalmente voltamos para Konya, onde passamos uma noite e depois voltamos para Capadócia por uma parte do caminho que, aí sim, já tínhamos percorrido. 

Tivemos uma última madrugada na Capadócia antes de devolver o carro na tarde seguinte, por isso decidimos tentar ver mais uma vez os malditos balões que salpicam o céu de Göreme e região. Fizemos (de novo) todo o ritual: acordamos às 3 da manhã, andamos no escuro até um mirante, experimentamos um leve frio e esperamos. Para quem não se lembra, um tempo antes passamos mais de uma semana na região e não vimos um mísero voo de balão devido ao mau tempo, mas desta vez estávamos esperançosos, pois pelo caminho até o topo do morro encontramos diversos balões sendo preparados para darem bom dia para o sol já na altitude. 

Nosso azar “balonesco” tinha ido embora. Será? Talvez. Não. Acho que não. Droga. Ele não foi embora. 

Foi mais ou menos assim a sequência de pensamentos que passou pelas nossas cabeças até percebermos que mais uma vez a Capadócia iria nos “decepcionar”. Malditos balões, fomos até a grande área, sofremos pênalti, convertemos a cobrança e aí o VAR veio para anular tudo. Não me pergunte a razão, mas de última hora tudo foi cancelado e mais uma vez ficamos sozinhos nas colinas de Göreme. Não é de todo ruim, afinal testemunhamos mais um rasgar de luz no céu do nosso amigo cheio de hélio naquela região esplendorosa, mas, de novo, sem balões. Pro inferno com balões. Agora já estou até conformado e feliz que esses aeróstatos horrendos não atrapalharam nossa vista. Menos lona no céu e mais natureza. Abaixo a intervenção do homem no espaço aéreo. 

mais uma madrugada pelos caminhos lunares de Goreme

Depois de mais essa tentativa frustrada deixamos Göreme para devolver o carro em Kayseri, uma cidade próxima. De lá começamos o rodeio do transporte público: esperamos algumas horas em uma rodoviária, pegamos um ônibus de mais de dez horas, chegamos em Istambul, ficamos em um hotel na rodoviária que gostaria de ser motel, pegamos um ônibus (de mais umas boas horas) logo no dia seguinte para Burgas, passamos pela fronteira, chegamos e esperamos mais um tempo para pegar outro ônibus para Sófia. Foram mais ou menos 5 dias desde que saímos de Ölüdeniz para finalmente chegar ao nosso destino na Bulgária. O melhor é que dava para ir direto de Istambul para Sófia, mas por uma mudança de planos repentina e uma pitada de nossa corriqueira burrice aumentamos ainda mais o tempo de viagem. Não foi nenhum perrengue extremo e tudo foi bem tranquilo, mas estávamos naquele momento da viagem que qualquer coisa que demorasse mais de alguns minutos enchia o saco, então imagine o nosso humor após essa dose nada módica da malha rodoviária turco-búlgara.  

Nosso hotel de rodoviária era bem acolhedor

Alguns dos ônibus que pegamos tinham televisões embutidas no encosto de cabeça do banco da frente, como a maioria dos aviões, mas com um sistema bem mais precário. Tão mais precário que grande parte das televisões não funcionavam, mas em uma das pernas da viagem assisti um filme inteiro. Um filme chinês. Em turco. E deu para entender tudo. E não é piada não, realmente deu para acompanhar a história, mas claro, era um filme de artes marciais (coisa que eu amo), por isso o enredo não era dos mais rebuscados e dependente de falas. Nada como a linguagem universal da porrada. 

E foi assim, de forma cambaleante, meio torta e movida a muita batatinha e refrigerante que demos tchau para a Turquia, um país que chegou de mansinho no nosso itinerário, mas que nos cativou e rejuvenesceu nosso desejo por conhecer. Ficamos mais de mês por lá e ainda faltou muito para desbravar, por isso digo sem medo, podem ir para a Turquia, é um país incrível. 

Saudades Turquia

E aproveitem, porque caso ocorra um acidente e vocês acabem um pouco a esquerda do mapa em um lugarzinho chamado Europa, aí meus amigos, aí o monstro que devora contas bancárias aparece e não sobra ninguém vivo. Mas nossas aventuras na terra das coisas caras serão temas dos próximos blogs. 

Beijos quentes