Austrália e o capítulo da exploração oeste – parte 1

Muito do que vimos nessa road trip

E vejo que você, leitor(a), mais uma vez se desprendeu do limbo da existência para encontrar conforto nesse blog. Vou me esforçar ao máximo para não te decepcionar, mas já adianto, é melhor diminuir um pouco suas esperanças. Ou não, a nossa realidade anda tão sombria (principalmente no Brasil) que até esse amontoado de palavras vai te fazer bem.

O último relato terminou em Melbourne, onde caímos nas sedutoras e quentes garras de um sofá. Logo nosso aventura entre almofadas e travesseiros terminou e embarcamos para Perth, no lado oeste da Austrália.

Fomos para WA (Western Australia) pois queríamos explorar um canto menos turístico e menos cheio desse país gigante. Pesquisamos um pouco e ouvimos de outras pessoas que esse é o lado mais selvagem e até mesmo mais bonito desta ilha continental. Não posso confirmar que um lado é mais belo que o outro, mas que a parte ocidental é bem linda, isso é. 

Chegamos cedo em Perth, mas não deu para conhecer muito a cidade pois ficamos nos preparando para a nossa a viagem. Estávamos prestes a fazer mais uma road trip, muito mais longa que a que fizemos na Great Ocean Road, afinal seriam 12 dias de estrada. O plano era ir de Perth até Exmouth (e voltar), que fica a cerca de 1200 kms ao norte seguindo a costa. E foi o que fizemos. Claro, paramos muito pelo caminho, pois tem muita coisa bacana para ver. 

Já vou colocar umas fotos jogadas no texto porque tem muita foto bacana

Para essa viagem decidimos alugar um carro confortável e comprar apetrechos de acampamento para aproveitarmos os inúmeros campings que existem por toda Austrália. Uma alternativa para isso seria alugar uma campervan, motorhome ou até mesmo trailer, mas essas são opções caras, mesmo que você economize com acomodações. Acredite, sai mais em conta alugar uma boa SUV e caçar lugares de baixo impacto orçamentário para dormir. Claro, existe todo um estilo associado a uma campervan – é legal se sentir como o cara estranho da cidade que mora no carro, não se banha direito e vende produtos de origem ilícita. Essa foi uma vontade que matamos em nossa terceira road trip, mas este será assunto de um próximo relato. 

E teve ainda mais um ponto para termos escolhido um carro invés de uma campervan: não fizemos essa viagem sozinhos, pois o Paulo, um amigo de infancia, veio do Brasil nos encontrar só para cair na estrada. Sim, foi um momento muito feliz receber alguém, nossa primeira “visita” na viagem, e nos sentimos bem queridos. E não é pouca coisa vir do Brasil para Austrália, ficar uns 17 dias e voltar. Ou o Paulo gosta muito da gente ou ele não tem outros amigos. Acho que as duas opções são verdadeiras. 

Mais uma foto jogada do que vimos por lá

Enfim, o dia que chegamos em Perth (02/03) foi um dia de preparativos e espera, pois pegamos o Paulo no aeroporto apenas ao fim da tarde. E ali já começaram as provações que ele iria enfrentar. Como passaríamos apenas uma noite m Perth, reservamos um hostel bem fuleira. Eu e a Marina estávamos acostumados com esse tipo de acomodação, já eram quase 8 meses viajando por aí, mas o Paulo era/é menos familiarizado com perrengues da estrada. E vou ser justo agora, não era um hostel dos mais legais que já vi. Aliás foi o em que senti a energia mais estranha – nunca a frase “festa estranha com gente esquisita” fez tanto sentido, mesmo que não existisse festa nenhuma, só a “gente esquisita”. Quase conseguimos ficar sozinhos em um quarto, mas acabamos com um único companheiro, um senhor inglês de pouca higiene e adepto ao caos. Uma figura peculiar, mas bem gente boa. Tinha umas boas histórias, quando dava para entender o que ele falava. Eu, por exemplo, entendia 63,2% do que saia da boca dele.

Foi uma noite singular para nosso amigo. Compartilhar banheiros de baixa qualidade, dormir junto de um senhor que parecia fugido de um filme do Zé do Caixão e dormir em um colchão quase inexistente. Tudo isso para ser assimilado logo após uma jornada de 30 horas de voo. 

Mas a primeira provação dele passou e logo cedo embarcamos na nossa road trip. Saímos dirigindo ao norte sempre seguindo a costa, e como era fim de semana seguido de feriado, coisa que só descobrimos depois, as estradas perto de Perth estavam bem cheias. Cruzamos com milhares de trailers e SUVs preparadas para acampar, incrível a cultura do acampamento é forte na Austrália. Todo lugar tem camping e todo mundo sabe montar uma barraca em menos de 1 minuto. Acho que você não pode se considerar parte da WA se não souber acampar. 

Isso branco aí é tudo concha

Mas eles estão certos em querer essa comunhão com a natureza, pois lá é maravilhoso demais. Não vou entrar em detalhes do que fizemos a cada dia, mas passamos por uma mistura maluca de praia, com deserto e bush (a vegetação local) que nos deixou boquiabertos. Na altura de Perth a vegetação já é bem rasteira e alaranjada pela poeira, coisa que só se intensifica ao ir para o norte e em Exmouth o deserto toma conta do horizonte e por um momento parecia que estávamos dirigindo no inóspito interior do país, até que o mar resolveu aparecer na paisagem. É muito maluco, ainda mais para nós que estamos acostumados com uma costa cheia de vegetação como no sudeste do Brasil. 

Passamos por um lago rosa também

Passamos por praias lindas, que poderiam inclusive rivalizar com algumas das Filipinas. Locais de prática de windsurf, praias com o chão formado só por conchas brancas, praias que são berçários de tubarões, praias de água turquesa e com muitos corais e vida marinha. Passamos também por lagoas salgadas e quentes, por um lago rosa e um berçário de tartarugas marinhas. Também conhecemos o deserto e suas magias, como os antiquíssimos paredões de pedra de Kalbarri e as estranhas formações rochosas dos Pinnacles, um cenário digno de filme de ficção.

Trilha no meio do nada

Cruzamos cidades minúsculas, uma de 190 habitantes, e em alguns momentos ficávamos muito tempo sem encontrar outro ser vivo na estrada. Vimos alguns cangurus vivos e muitos mortos, pois infelizmente são atropelados aos montes – por isso nunca dirigimos após o entardecer. Bebemos nossa cota de (boas) cervejas locais e fizemos vários churrascos, inclusive porque lá na Austrália existem muitas churrasqueiras públicas espalhadas por espaços como praias e parques. É só chegar, usar, e manter a ordem. 

Vimos também uma boa quantidade de pores do sol inesquecíveis, daqueles que deixam o céu todo cor de rosa. Muita coisa aconteceu em cerca de 12 dias.

pôr do sol em uma cidadezinha com uns 500 habitantes

E eu posso ficar até 2030 escrevendo sobre o que vimos ou não, mas acho que as fotos cumprem melhor esse papel. O mais legal dessa experiência toda foi, apesar dos lugares maravilhosos que visitamos, a estrada. Existe uma magia em road trips que é difícil explicar. Você parece mais integrado ao ambiente, é mais fácil ir observando as mudanças ao longo do caminho e existe uma incrível sensação de liberdade de poder fazer o que quiser. Quer virar ali para ver aonde vai dar? Bora. Quer parar pra tirar foto? Fácil. Quer enfiar o carro na areia e dar uns cavalinhos de pau? Não recomendo, mas pode fazer. 

Vento na cara, mão no volante e flexibilidade para fazer o que der na telha criam uma combinação muito sedutora. 

E tem mais, a road trip gera conversas e camaradagem. Afinal são pessoas “presas” no mesmo espaço por muito tempo, e tem muita coisa que pode dar errado, mas quando a sintonia é boa, tudo fica mais interessante. 

Claro, como uma hora a conversa pode azedar eu me precavi e preparei uma playlist com o melhor dos anos 90 e 2000 (e um tiquinho dos anos 80) para levantar o astral dos meus companheiros. Posso estar exagerando, mas acho que fui o herói dessa viagem e mantive a sanidade de todos com essas músicas. Pela vitrola passaram KLB, Backstreet Boys, Pitty, CPM 22, Latino, Kelly Key e Avril Lavigne. Não tinha como dar errado.

Os Pinnacles – umas formações malucas no meio do deserto

Por isso fica aqui o recado, uma boa road trip precisa de uma boa playlist, vou deixar pública essa que criei no Spotify e colocar o link mais abaixo. De nada. 

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Ufa, foram mais de 2400 kms rodados e muita experiência bacana. No próximo post vou descrever melhor duas delas que foram daqueles momentos de levar para a vida inteira. Não vou me alongar mais, sei que todo mundo tem mais o que fazer. 

Beijos Quentes

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